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Troca de Saberes

21 de março: Dia do combate à Discriminação Racial

Porque o tema Desigualdade Racial precisa de um dia só para ele

 

 

Para entender a importância dessa data na atualidade, é preciso que, primeiramente, seja compreendida sua origem. O Dia Internacional da Discriminação Racial foi criado pela ONU com o objetivo de lembrar o Massacre de Sharpeville que ocorreu no dia 21 de Março de 1960. 

 

Na ocasião, manifestantes negros protestavam contra a instituição da “Lei do Passe” que obrigava os negros da África do Sul a portarem uma caderneta na qual deveria estar escrito onde eles podiam ir.  Ou seja, que limitava a livre circulação do povo negro. Esse era um dos principais elementos do sistema de Apartheid.

 

Com a intenção de inibir a manifestação, as tropas militares do Apartheide mataram 69 pessoas, entre elas crianças e jovens. Além disso, centenas de pessoas ficaram feridas.

 

 

Desigualdade Racial no Brasil

 

 

O Brasil foi a última nação do ocidente a abolir a escravatura e em 1888, quando os escravos foram libertos, sabe-se que não houve nenhuma condição para a inserção digna da população negra na sociedade – na verdade tudo ocorreu de forma bem contrária a isso. E foi essa condição que ajudou a enraizar os preconceitos inconscientes direcionados à população negra até os dias de hoje.

 

A estruturação do racismo no Brasil é algo que acontece de forma velada, políticos afirmam que o racismo no Brasil acabou, há ainda quem se refira a essa luta como “mimimi” e, enquanto isso, o peso da história e a dor da população negra surge escancarada nas estatísticas. Alguns números do IBGE – Instituto Brasileiro de Pesquisas fortalecem a realidade:

  • Os negros constituem 75,2% do grupo formado peloas 10% mais pbres do brasil;
  • A taxa de analfabetismo entre a população negra era de 9,1%, cerca de cinco pontos percentuais superior à da população branca, de 3,9%;
  • O percentual de jovens negros fora da escola chega a 19%, enquanto a de jovens brancos é de 12,5%;
  • Negros são 8 a cada 10 mortos pela polícia no Brasil;
  • No mercado de trabalho, os negros ganham 42,5% menos e ocupam 30% dos cargos de chefia;

A realidade que envolve problemas de preconceito e discriminação racial motiva uma série de iniciativas nacionais e internacionais. O objetivo é combater fatores, historicamente enraizados, que são considerados pilares para a perpetuação da cultura do preconceito tanto no Brasil quanto na esfera global.

 

 

Importância de falar sobre Discriminação Racial

 

Porporcionar debates, trazer dados e informações sobre o passado de luta do povo negro e sobre a resistência que ainda se faz presente pode ser um dos caminho para minimizar os efeitos devastadores que a discriminação racial tem na vida das pessoas.

No Brasil, a atuação do movimento negro já alcançou inúmeras conquistas que contribuem para a mudança desse cenário. Na Constituição Federal de 1988, a considerada constituição cidadã, o artigo 5.º deixa claro que a prática do racismo é considerada crime inafiançável e imprescritível. 

Nos últimos anos, com a ajuda da internet, foram criadas campanhas contra as diferentes formas de preconceito racial. A adoção de políticas públicas para a criação de cotas que facilitam o acesso de jovens afrodescendentes nas universidades públicas também demonstram que a luta pela igualdade de direitos é importante e ainda muito necessária.

 

Contribuição e reconhecimento da cultura história e cultura afro

 

Tão importante quanto trazer dados históricos e números que abordam questões raciais, é reconhecer a influência positiva que o povo negro trouxe para que nossa sociedade seja como é hoje.  

Essa reconstrução da imagem do negro pode recomeçar na maneira que a história do mundo é repassada para as crianças, por exemplo. Se for levado em conta que o sistema educacional brasileiro transfere a perspectiva europeia da história, os negros, mais da metade da população brasileira, não se vem representada nos conteúdos que aprende, na escola.

Outro ponto que deveria ser abordado de maneira incisiva são as influências da cultura afro em vários aspectos da vida das pessoas. Reconhecer a contribuição dos negros em muito do que a sociedade indentifica como hábito ou costume, pode ser um passo importante no processo de empoderamento dos negros e no fim da diferença racial.

Devido a vários fatores, formou-se no Brasil a maior colônia africana fora da África, o que fez da cultura afro-brasileira  parte constituinte da memória e da história do nosso país. Essa cultura compõe costumes e tradições como a mitologia, o folclore, a língua (falada e escrita), a culinária, a música, a dança, a religião e muito do imaginário cultural do nosso povo. 

 

Carnaval, Festa de São Benedito e Dia de Yemanjá

Quem celebra, admira ou se identifica de alguma forma com alguma dessas festas populares, é alguém super conectado com a cultura afro-brasileira.

 

Música e Dança

Samba, maculelê, maracatu, capoeira e muitos outros… expressões musicais e corporais que foram trazidas pelos africanos e hoje são parte importante da cultura brasileira.

 

Culinária

Esse é outro aspecto da contribuição da cultura afro para nossa sociedade.  O uso de panelas de barro, o leite de coco, o feijão preto, o quiabo, azeite dendê e pimentas são oriundos dos negros. 

 

Por trás de cada elemento, existe um viés histórico. A feijoada, por exemplo, foi criada pelos escravos como uma apropriação da feijoada portuguesa e produzida a partir dos restos de carne que os senhores de engenho não consumiam.

 

Personalidades Negras Brasileiras

Zumbi dos Palmares,Antonieta de Barros, Machado de Assis, Dandara, Aleijadinho, Luís Gama, André Rebouças… São tantos guerreiros, profissionais liberais, artistas, atletas e ativistas políticos que fizeram a diferença no país que seria necessário um artigo no blog só para eles.

 

Religião

Candomblé e umbanda são duas das religiões denominadas afro-brasileiras. Ambas têm como característica a organização em pequenos grupos que se reúnem em torno de um pai ou uma mãe-de-santo, em espaços conhecidos por terreiros. Apesar da origem africana e de algumas semelhanças nos cultos, são duas religiões diferentes.



Infelizmente, o racismo no Brasil é uma dura realidade que se revela na redução das oportunidades de melhoria das condições sociais da população negra – problema que persiste desde o período colonial, quando os portugueses pensavam que a cor da pele era um fator determinante para a capacidade intelectual.

 

O legado histórico mantém raízes profundas no que se refere às diferenças sociais. No entanto, através de grupos que defendem a causa, já existem políticas públicas que diminuem o abismo social que ainda existe. 

 

Dia de combate à discriminação racial e o preconceito

Além do combate ao preconceito, o entendimento sobre a importância da cultura afro para o Brasil e para o mundo é algo que precisa ser reforçado. A contribuição desse povo está presente no cotidiano e na identidade do brasileiro, por isso, hoje, no Dia Internacional da Discriminação Racial o convite que fazemos é para que você branco, repense sobre seu papel e privilégios, reconhecendo a sofrimento e as dificuldades daqueles que, durante o passado e o presente, tiveram oportunidades e julgamentos definidos pela sua cor; E para que você negro, saiba que suas dores e feridas são tão legítimas quanto o tamanho da sua força, da riqueza da sua cultura e do valor de suas histórias.

 

Discrimanação racial para assistir:

Olhos que Condenam (When They See Us): trata do caso que ficou conhecido como Os Cinco de Central Park. Tudo aconteceu em 1989, em Nova York, quando cinco jovens negros foram acusados injustamente pelo estupro de uma mulher branca.

 

12 Anos de Escravidão: mostra a vida de Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor), um negro liberto que vive com a família no norte dos EUA e trabalho como músico. Só que ele acaba sendo vítima de um golpe que o faz ser levado para o sul do país e como escravizado, onde passa a sofrer cenas trágicas e difíceis de digerir.

 

A Cor Púrpura: exalta a potência da mulher negra em um contexto no qual tudo conspirava para abafar os sonhos da protagonista, uma mulher que foi abusada pelo pai na adolescência, separada dos filhos que foram gerados após seus sucessivos estupros, entregue para um casamento forçado e resignada a enviar cartas para Deus e para sua irmã distante. Após o contato com outras mulheres começa a enxergar o valor que ela tem.

 

Histórias Cruzadas: enquanto o movimento dos direitos civis fazia os Estados Unidos chacoalharem, uma jornalista recém formada recorre aos relatos das mulheres negras à sua volta para expôr o ponto de vista delas sobre as famílias brancas e ricas para as quais elas trabalham há gerações como empregadas domésticas. As surpreendentes histórias fazem uma jovem branca a rever sua posição social privilegiada e tentar entender a vida das negras naquele momento-chave da luta pela igualdade racial.