É possível sermos sustentáveis no capitalismo?

Essa pergunta pode ser um pouco capciosa, antes de respondê-la é preciso que pensemos o que queremos, de fato, com a sustentabilidade. Se essa for um fim em si mesmo diria que é perfeitamente possível a sustentabilidade dentro do sistema capitalista, podemos ser sustentáveis enquanto indivíduos, basta que neguemos a sociabilidade das relações capitalistas. Basta que, por exemplo, escolhamos viver em uma Ecovila e busquemos formas alternativas de prover nossas necessidades em harmonia com a natureza e pronto! Somos sustentáveis. Mas é nesse ponto que, a meu ver, reside um erro de quem busca a sustentabilidade somente através dos hábitos individuais, a sustentabilidade não pode, de forma alguma, ser considerado um fim em si mesma, deve ter no seu horizonte um fim maior que é uma sociedade sustentável e essa só pode ser construída coletivamente.

Capitalismo e iniciativas sustentáveis

O resultado da sustentabilidade global não está diretamente relacionado à soma da sustentabilidade individual, a maior prova disso é a promoção que o capital vem fazendo para iniciativas sustentáveis em corporações do mundo todo e a expansão dessas práticas nos hábitos cotidianos dos indivíduos, em contraste a essa promoção há o aumento da exploração dos recursos naturais de forma predatória e insustentável. A prática sustentável vem aumentando junto com a temperatura da terra, o capitalismo verde não alterou em nada o ciclo de destruição do planeta. O capital sugere que troquemos os nossos hábitos, que abandonemos o canudinho de plástico, mas se cala sobre o seu processo extrativista que geram os maiores impactos ambientais. O capitalismo é um sistema que se reproduz através da acumulação infinita de mercadorias, é um sistema, em si, insustentável e uma de suas maiores façanhas é ter se tornado um sujeito abstrato à crítica, não tendo a quem responsabilizar, o culpado é o indivíduo, vira sua a responsabilidade ser sustentável em uma estrutura social insustentável.