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Dona Nerça e Seu Totó: agricultura familiar vive em Ibiraquera e região

Tradições regionais - Saberes da Praia
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A tradição que movimenta a economia e que se representa como forma de viver de um povo é pauta do diálogo Tradições Regionais, do projeto Why Not? em parceria com Saberes da Praia e Jornal PDR

Das vaquinhas que cria, sai o leite, que faz a manteiga e o queijo, ingredientes com os quais faz suas bolachinhas. O recheio de goiabada e doce de leite também são feitos pelas suas mãos. Os passinhos pequenos e ligeiros levam até o galinheiro, de onde saem os ovos, que também servem para fazer a massa dos pastéis e empadas. Dona Nerci Barreiro da Silveira (67) é uma das mulheres fortes da região da Grama, bairro de Garopaba que faz divisa com Ibiraquera (Imbituba). As tradições são compartilhadas mesmo com uma divisão geográfica que desconsiderou uma mesma cultura.

Há muitos anos, dona Nerça, como é carinhosamente conhecida, alimenta a sua e outras famílias através de seus quitutes. Na terra, também cultivam milho, banana, mandioca, aipim, cebola e batata, mantendo viva a tradição da agricultura familiar em um território que aos poucos se torna polo turístico.

Ao lado do companheiro Antônio da Silveira, o seu Totó (77), em uma união de 54 anos, tem  essa como principal fonte de renda, ao lado da pesca artesanal. 

A agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil, segundo último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A prática emprega 10 milhões de pessoas, o que corresponde a 67% da força de trabalho ocupada em atividades agropecuárias.

Dona Nerça também já providenciou muitas ervas para curar males daqueles que a procuraram.. Já exportou folhas de graviola para ajudar a tratar o câncer que atingiu parentes e conhecidos. Assim como a erva baleeira para tratar inflamações e a cana-do-brejo para tratar alergias. 

“Certa vez veio um moço aqui em casa, bem arrumadinho, querendo folhas de louro verde. Dizia ele que desde que colou a erva dentro do sapato, a sua vida mudou da água para o vinho”, conta ela, sorridente.

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A agricultura familiar realizada na família de dona Nerça sofre cada vez mais com as mudanças provocadas pelo desenvolvimento. Um dos principais exemplos é a impossibilidade de manter a cultura e a tradição em função das alterações na legislação, que proíbem a prática de cultivo de animais em áreas urbanas. Áreas estas que sempre tiveram como principal atividade a agropecuária familiar e que, muitas vezes sem considerar o modo de vida tradicional, prioriza a urbanização em territórios tradicionais.

Agricultura familiar em Santa Catarina

A agricultura em Santa Catarina é uma atividade social e econômica importante para um expressivo contingente de famílias que vivem no meio rural. São 183.065 estabelecimentos agropecuários que produzem uma diversidade de alimentos e matérias-primas para o autoconsumo, alimentação de animais e comercialização, gerando cerca de 500 mil postos de trabalho diretos e outros milhares em diversas cadeias produtivas, com geração de alto valor agregado. 

Mesmo com um pequeno território, Santa Catarina é o maior produtor nacional de suínos, maçã e cebola; segundo maior produtor de tabaco, palmito, aves, pêra, pêssego, alho e arroz; quarto maior produtor de uva, cevada e leite do Brasil, mostrando que agricultura familiar é uma tradição que não tem só força na cultura, como na economia do estado.

A realização dos Censos Agropecuários pelo EPAGRI é uma oportunidade de atualizar as informações deste importante setor da economia, gerador de 6% do PIB catarinense. 

TRADIÇÕES REGIONAIS: DEBATE E INFORMAÇÃO EM IBIRAQUERA

O projeto vencedor do edital do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROCULT) de Imbituba, apoiado financeiramente pela Fertisanta – Semeando Desenvolvimento, tem como objetivo utilizar o diálogo e a conversação entre atores da sociedade civil, como líderes comunitários e de entidades representativas, especialistas de áreas técnicas, membros das comunidades tradicionais, como pescadores, agricultores, artistas, artesãos, estudantes e professores, como ferramentas de trabalho através de um painel de apresentação de ideias, conduzido por personalidades da comunidade de Ibiraquera que têm relação com as tradições locais dentro da pesca artesanal, da farinhada, entre outras, revelando como estas práticas se relacionam com preservação do ecossistema na região da Ibiraquera e buscando solução para os desafios apresentados de maneira colaborativa com a sociedade.

A Agricultura familiar de Dona Nerça e de tantos outros cidadãos da região é pauta deste diálogo buscando soluções!

Saiba mais sobre a iniciativa aqui!

Fontes: Epagri