A iniciativa transdisciplinar e voluntária atua desde 2022 em prol da proteção e acolhimento de mulheres em Imbituba e região
O movimento Rede Feminina de Proteção Minas do Rosa iniciou em março de 2022, em resposta a um crime de violência contra uma mulher na Praia do Rosa, na cidade de Imbituba (SC), que chocou a comunidade local. Na ocasião, um grupo de mulheres se mobilizou para acolher e apoiar a vítima de maneira rápida, em conjunto com as autoridades (relembre o caso aqui).
“A partir desse ato de coragem e solidariedade, nasceu a Rede Feminina de Proteção (RFP) – Minas do Rosa, uma rede dedicada ao acolhimento psicossocial e à proteção de mulheres vítimas de violência”, explica a fundadora do grupo, a Psicóloga a Nayara Francine de Souza.
Minas do Rosa: Proteção e Prevenção
A partir da articulação que crescia na região em apoio às questões das mulheres, em 2024, a Rede se organizou em diferentes comissões com o intuito de expandir e fortalecer a atuação, aprimorando os serviços de apoio individual e coletivo para mulheres vítimas de violência e abuso. “O movimento oferece uma resposta acolhedora, organizada e estruturada a essa questão crítica. A necessidade de apoio psicossocial e assistência adequada é fundamental para a recuperação, tratamento e encorajamento das vítimas para manter a denúncia e recuperar suas forças”, explica Nayara.
“São diversos os estudos e estatísticas que demonstram o impacto negativo da violência de gênero na saúde mental e na qualidade de vida das mulheres. A atuação da RFP visa mitigar esses impactos através de apoio direto e ações preventivas e de conscientização da comunidade local”.
A violência contra a mulher segue crescendo
Embora as ferramentas de apoio e prevenção aos casos de violência contra a mulher venham sendo ampliadas por todo o país, a violência contra a mulher no Brasil continua crescendo. É o que mostra o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024, que apresenta os dados coletados em 2023. “Essa afirmação baseia-se na análise, em comparação com 2022, das taxas de registro de diferentes crimes com vítimas mulheres: homicídio e feminicídio, nas modalidades consumadas e tentadas, agressões em contexto de violência doméstica, ameaça, perseguição (stalking), violência psicológica e estupro. Essas taxas, por sua vez, são calculadas a partir de dados extraídos dos boletins de ocorrência, isto é, do primeiro registro oficial nos trâmites do Estado de uma situação criminosa. Também fazem parte das análises deste capítulo dados de acionamentos da Polícia Militar, bem como dados do Poder Judiciário sobre
Medidas Protetivas de Urgência (MPU). Quando somadas, as modalidades de violência descritas acima chegam a 1.238.208 mulheres, somente em 2023. E em comparação com os dados de 2022, a violência contra a mulher cresceu.
Como atua a Rede Feminina de Proteção Minas do Rosa?
Em Imbituba e região, a Rede Feminina de Proteção conta com estratégias que incluem apoio psicossocial, oferecimento de suporte emocional, orientação e encaminhamento através das comissões. A RFP trabalha para promover em um futuro próximo capacitações através de workshops e treinamentos para as participantes sobre temas como acolhimento, técnicas de escuta e manejo do trauma. Para isso, busca parcerias que possibilitem a criação de acordos com instituições locais para fortalecer a rede de apoio.
Em apenas três anos, diversas ações já foram realizadas, desde rodas de conversa com profissionais da saúde sobre violência contra à mulher e seus impactos na saúde mental, aula gratuita de defesa pessoal para mulheres, entrevistas, participação em eventos comunitários, ações sociais para doações de alimentos, roupas, itens de necessidades básicas às famílias que pedem ajuda e até a construção de uma horta comunitária!


“O trabalho realizado pela Rede Feminina fez e faz a diferença na vida de muitas mulheres. Mulheres que são vítimas de violência dentro de casa, no trabalho, na rua, nas suas relações interpessoais, e muitas vezes não identificam a violência. Aqui, elas encontram orientação jurídica, apoio psicológico, acolhimento, conexão e cuidado”, relata Andréa Martins, a Dri, membro da Rede desde 2024. “E trabalhando neste coletivo de mulheres incríveis, descobri uma versão de mim que desconhecia. Fiquei impressionada como somos fortes, criativas, assertivas e determinadas quando trabalhamos juntas. O trabalho da Rede ajuda as mulheres na reconstrução da sua auto imagem, criando uma visão mais positiva de si mesmas. Compartilhando nossas histórias de dor e luta, a culpa dá lugar à força”, completa
A união também foi destaque para a Larissa Rodrigues, voluntária na comunicação da Rede.
“Por vezes, a gente é ensinada a competir entre as mulheres, e comigo foi assim, na minha criação. Então, estar num grupo onde não estamos umas contra as outras, e sim, todas buscando um objetivo em comum, é algo muito bonito, e é algo que faz a gente sentir essa força que a gente tem, sabe? Isso inspira, isso anima, e dá forças para que a gente
possa continuar.”
Conheça a luta da Rede Feminina de Proteção
Entre as reivindicações mais urgentes da Rede, estão:
- – Falta de policiamento (com policiais mulheres) e que seja durante todo ano;
- – Falta de iluminação nas ruas e nas trilhas;
- – Falta de câmeras de segurança;
- – Deficiência na geolocalização, como por exemplo: nome das ruas -o que prejudica o
- atendimento rápido da polícia militar quando é acionada
- – Apoio para promover palestras sobre racismo estrutural e rodas de conversas em conjunto com movimento da mulher negra.
Você também pode apoiar as Minas do Rosa
São diversas formas de colaborar com a Rede, presencialmente ou mesmo de longe. Abaixo você conhece as iniciativas em andamento.
- Seja parte do Grupo do Whatsapp, onde acontecem discussões, campanhas, informações úteis e onde diversas demandas são apresentadas para colaboração entre as presentes.
- Siga o perfil @minasdorosa no Instagram e compartilhe os eventos
O Próximo evento presencial da rede é a Passeata da campanha #EstamosDeOlho, que vai distribuir materiais informativos, protestar contra os recentes casos de estupros na região da Praia do Rosa e fazer barulho em um espírito de amizade e união! O evento já conta com a autorização da Prefeitura de Imbituba e o apoio do Secretário Municipal de Segurança Pública, Trânsito e Fiscalização de Imbituba, Adriano dos Passos Silva e a presença do grupo de Maracatu Eko da Mata. O encontro também servirá para distribuição de materiais da campanha.



Serviço:
- Quando: sábado (15/02) – concentração às 17h e 18h – Saída da passeata até o Centrinho do Rosa
- Onde: Concentração na Praça da Igreja (Centrinho de Ibiraquera), Percurso: 2,6km pela Geral do Rosa (pode nos encontrar pelo caminho!)
- Traga instrumentos, apitos, vuvuzelas – vamos fazer barulho! Se tiver, venha de camiseta preta!
- Mais informações em: @minasdorosa no Instagram
Por Glaucia Rosa Damazio
Jornalista, especialista em Sustentabilidade
Redação Saberes da Praia