EnglishPortugueseSpanish

Procurar saberes

Pesquisar
Close this search box.

Sublimación: festa arrecada recursos para a Lab Cia Teatral em Garopaba

dani e dani
EnglishPortugueseSpanish

Em uma noite de movimento, artistas organizadores e convidados partilham o palco do Lab Ser Artístico, na Encantada (Garopaba), celebrando a chegada da Primavera 

O bairro garopabense da Encantada tem vida própria. Fazendo jus ao nome, é envolto por magia, literalmente encantado. Ali, nascem projetos, despertam talentos, brotam artistas.

A noite de 23 de setembro trazia toda a potência da chegada da Primavera, com chuva, vento e estrelas e trazia também um propósito: arrecadar recursos para a Lab Cia Teatral, um movimento de artistas e atores amadores, que se desenvolve no Lab Ser Artístico desde fevereiro. “O projeto surgiu como um laboratório, trazendo o caminho da arte como um caminho de transformação profunda. Um movimento interdisciplinar onde os atores desenvolvem o corpo, a voz e a expressão e, a partir deste processo criativo, constroem algo para compartilhar”, conta a Danyira Javiera, diretora da Cia. 

Sublimación, uma festa de arte e expressão

Na noite do evento, facilmente, o Lab Ser Artístico se encheu de amigos e amantes da arte para impulsionar a Cia Teatral. De pés descalços, público, artistas e organizadores se misturavam dançando em silêncio, sorrindo e tocando uns nos outros, em expressões autênticas dos corpos. Os membros da Cia se distribuíam entre o bar e a cozinha, que serviu quitutes veganos carinhosamente preparados por eles mesmos. 

Zíngara la Banda foi a primeira apresentação da noite, trazendo a energia da música celta-cigana-latina-brasileira e embalando a festa. Ao final do primeiro bloco, sem aviso prévio, o teatro da Lab entrou em cena, mas ao invés de ocupar o palco, ocupou a pista, em uma performance dançante e contagiante, que envolveu todos os presentes.

Como um organismo único, atores e público bailaram sua singularidade e sua unidade. Caras, bocas, braços e pernas estremeceram durante um set musical eletrizante, uma espécie de catarse coletiva. Via-se riso e choro, um tipo de gozo dos corpos balançantes, transpirando emoções.

Fim do primeiro ato.

Num movimento rápido e articulado, foi criada uma atmosfera teatral. Intuitivamente, o público ocupou a plateia e os artistas criaram o palco. Os atores interpretaram textos  da escritora Clarice Lispector, dando vida e pulso para narrativas existencialistas que tocaram os presentes. Olhares atentos, espantados, gargalhadas, lágrimas. A todo o momento, os espectadores expressavam sua identificação e sua reflexão acerca do que presenciavam. 

A apresentação durou um tempo que não cabia mais nos ponteiros de cronos. Os aplausos duraram quase tanto quanto a apresentação. “Foi visceral a entrega de cada um ali no palco, foi incrível e potente”, comentou ao final a espectadora Maria Isabel Meister. E a maior surpresa para todos: aquela era a primeira experiência de teatro de praticamente todos os atores. “Eles nunca haviam feito teatro antes, todos são amadores, porém com muita vontade”, comenta Danyira. A apresentação mostrou pequenos trechos da peça que está sendo construída para a estreia oficial. 

Sobre a Lab Cia Teatral

“O trabalho do teatro no Lab é um processo espiritual, que toca todas as dimensões do ser, do físico ao mais sutil. E por aí está sendo construída esta peça, com essa visão. Nosso propósito é criar algo que mostre, revele e exalte o espírito. Que inspire, e desperte o Ser de quem assiste também”. 

Danyira, Diretora da Lab Cia Teatral

A primeira turma da Lab Cia Teatral se reúne três vezes na semana, com três horas de ensaio e desde o início de 2023 vem sendo mantida apenas pelo amor à arte. Agora, o Lab abre sua segunda turma, a partir de um valor de troca, com ensaios uma vez por semana.  “Todos podem participar, mesmo sem qualquer conhecimento prévio. Só precisa compromisso e vontade de criação coletiva. O teatro exige generosidade, entrega, serviço. Precisa querer se descobrir a partir da arte.”

A estreia oficial da Lab Cia Teatral acontece no verão 2024 e contará com um ciclo de apresentações. 

“Tudo o que fazemos é para nos aproximar do mais essencial e autêntico. A arte é a ferramenta para conectar com o inconsciente, para resgatar nosso artista e nossa expressão mais profunda, livre, a conexão com a alma. O lindo espetáculo é o resultado disso”, completa Danyira.

O que dizem os atores sobre a experiência

“A Companhia Teatral Lab Ser Artístico é um espaço onde investigo minhas várias formas, intenções e intensidades de expressão. É um grupo onde me sinto à vontade para dar corpo às palavras no coletivo, ao mesmo tempo que alimentamos a cultura do teatro na nossa comunidade”,  Giovanna Malpighi.

“Fazer parte do Lab Companhia Teatral tem me possibilitado vivenciar um processo revelador sobre como me coloco, seja para mim, para o outro, para a vida ou para arte”, Gabriele Carapeto.

“Tenho descoberto e investigado o meu seu artístico através da participação da Companhia Teatral. Tem sido profundo a nível de romper barreiras para expressão ganhar força e pra arte ganhar espaço. Esse processo potencializa o autoconhecimento e liberta  possibilidades de criação da realidade através do nosso imaginário infinito. O trabalho das práticas e dos ensaios são muito consistentes, gerando a estrutura interna e ferramentas externas para enfrentar a platéia”, Dana.

“Participar da companhia tem me permitido fazer descobertas e explorar diferentes expressões do meu Ser, além de ser um espaço de integração onde se pode compor a vida e observá-la criativamente, gerando aprendizados e refinamento artístico e pessoal”, Augusto Gotter.

“O Lab é um laboratório de investigação do nosso Ser Artístico, um lugar para fazermos ciência e experimentos com nossas potencialidades. Tem sido muito gratificante ver o desenvolvimento pessoal de cada um, e o crescimento da companhia”, Renan Candieiro.

“A exploração pessoal e coletiva que fazemos no LAB é muito completa, onde temos que lidar com a arte de forma integral. Toda prática é um convite ao encontro do artista que somos”, Daniel Almaoe.

Por Glaucia Rosa Damazio
Jornalista