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Animais envenenados na Praia do Rosa causam indignação na comunidade

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Neste setembro, dezenas de cães morreram envenenados na Praia do Rosa, Praia do Luz e Ibiraquera, em Imbituba (SC) 

Os casos alarmaram tutores e defensores de animais. De acordo com representantes do movimento de proteção animal da região, esse tipo de ocorrência é habitual. Não se sabe exatamente qual a motivação por trás dessas ações nem que tipo de veneno vem sendo utilizado, mas existem suspeitas.

Conversamos com Regina Saraiva, representante da rede Protetores da Praia do Rosa, e com Suane Charão, tutora que perdeu o canino Kiko há poucas semanas, vítima de envenenamento acidental durante um passeio.  Elas apontaram as principais problemáticas envolvidas na situação. É uma reação em cadeia que revela pouca atenção das políticas públicas, irresponsabilidade com descarte de resíduos, falta de fiscalização, turismo comercial e abandono. 

Envenenamento de animais: um sintoma recorrente

De acordo com as protetoras, há anos que esse tipo de situação acontece na região, assim como em outras localidades. No ano de 2020, houve um período no qual mais de 40 cães apareceram mortos com sintomas de envenenamento. Apesar da indignação causada, nenhuma ação resolutiva foi tomada.

Regina relata que na maioria das vezes, acaba se tomando essas situações como “acidentais”, já que as pessoas utilizam veneno para plantas, para insetos, para ratos e que podem também intoxicar ou matar outros animais, como cães e gatos. Ela aponta que não há fiscalização quanto aos tipos de venenos utilizados em estabelecimentos comerciais e os riscos que apresentam.

A prefeitura não consegue atender todas as demandas básicas pelo bem-estar animal, como programas de castração pública.

“É complicado, mas castrar é a solução para amenizar tanto sofrimento, de cuidar dos animais jogados nas ruas pelas pessoas, que adotam e depois não querem mais cuidar”, desabafa a protetora Regina

O que o lixo tem a ver com o envenenamento de animais? 

Animais de rua, ou até mesmo animais que saem de casa para passear sozinhos, muitas vezes buscam restos de alimento nos resíduos que as pessoas descartam. Isso gera bagunça e espalha ainda mais a poluição. Regina e Suane acreditam que muitas vezes iscas com veneno são colocadas propositalmente próximo a locais de descarte de resíduos para evitar que animais sigam abrindo sacos de lixo.

Esse é mais um fator agravante que alerta para a urgência de políticas públicas mais inteligentes, eficientes e comprometidas com um descarte responsável de resíduos. A prefeitura não oferece locais seguros e adequados para o encaminhamento dos vários tipos de lixo que a população e o turismo geram, e as pessoas ainda não conseguem aplicar um descarte responsável em suas rotinas.

Isso causa danos a todos os seres vivos, humanos e não humanos. Nessa recente onda de envenenamentos, a protetora Suane perdeu o canino Kiko, após ele ter ingerido algo acidentalmente próximo a uma lixeira, durante um passeio.  “Foi tudo muito rápido, ele botou alguma coisa na boca, quando eu vi logo puxei a guia e fiz ele parar… mas assim que chegamos em casa ele teve uma convulsão”, conta ela. “Nem tinha passado pela minha cabeça que ele tinha sido envenenado, eu fui desconfiar disso no dia seguinte quando outras pessoas começaram a noticiar que tinham dois ou três relatos de cães envenenados”.

A tutora conta que foi uma situação bastante traumática. “Faz 3 semanas que estou de luto, mas estou aqui tentando canalizar minha tristeza e minha dor para tentar fazer alguma coisa para mudar essa realidade que é muito comum aqui na região.” E faz um apelo para que as pessoas tomem cuidado com os resíduos de alimentos que descartam: “São pequenas atitudes que podemos tomar nesse período de crise, para ajudar, porque a gente não sabe se essa pessoa pretende continuar distribuindo veneno por aí”.

Estratégias de “limpeza” de animais de rua

“A gente pensa que o turismo aqui é pet friendly, mas tem um lado obscuro que muitos não se atentam, que é a forma como certas coisas são preparadas para o turista se sentir no seu universo, na sua bolha linda e maravilhosa, mas tem muita atrocidade acontecendo por trás para criar esse clima lindo e maravilhoso…” denuncia Suane. 

É uma realidade, tem um alto custo ambiental manter certos luxos ao turista – muitas vidas são afetadas com isso. De acordo com Regina, não há fiscalização quanto aos produtos que estabelecimentos comerciais utilizam para conter infestações de ratos, por exemplo. No caso dos animais de rua, é provável que já tenham acontecido ações de envenenamento pensadas para “limpar” a Praia do Rosa e Ibiraquera, para evitar sensações desagradáveis ao turista, dada a quantidade de cães abandonados na região. 

“Nesse momento buscamos empreender uma ação para chegar a um objetivo, de dar atenção a essas situações. Acredito que é muito importante haver apoio do poder público no sentido de conscientizar e fiscalizar sobre crimes contra os animais, incluindo o envenenamento”, coloca a protetora.

Como proteger animais domésticos? 

Regina alerta que no momento, além de prestar atenção durante passeios, a melhor estratégia é manter os cães no pátio, dentro de casa, sem deixar dar aquela “voltinha” sozinhos, para evitar o risco que façam ingestão de veneno ao vasculhar lixo, por exemplo. E como já falado antes, dar mais atenção ao descarte de resíduos.

Também está circulando uma oferta de recompensa em dinheiro, de valor até R$3mil, para quem apresentar provas que levem à autoria dos crimes de envenenamento de animais que estão acontecendo em Ibiraquera, no Rosa, no Luz e região, através do whatsapp (48)99131 3820. 

A protetora reforça  a castração como medida necessária. Atualmente a rede Protetores PDR consegue financiar poucas castrações, viabilizadas através de doações (colabore aqui) e destinada a tutores que realmente não tenham condições de arcar com os custos do procedimento. 

Outro ponto colocado por Regina e Suane é a importância da adoção consciente, com pleno entendimento de que animais exigem cuidados. É preciso ser responsável e atender às necessidades básicas de alimento, abrigo, saúde e atenção do tutor.

Reportagem: Luciana Pedutti – terapeuta holística e colaboradora EcoLab
Edição e Revisão: Isadora Lescano – jornalista  e colaboradora EcoLab
Fotos: Rafaela Nascimento (capa) e Glaucia Rosa Damazio

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