Por Priya Konrad
Desde a antiguidade em diversas civilizações a dança faz parte da cultura de um povo, como manifestação sagrada ou profana. Ela marca expressões corporais com rituais e crenças que enfatizam ciclos de passagem, dança do acasalamento, nascimento, morte, conquistas, celebrações, preparação para caça ou batalhas…
Nos dias atuais, vida contemporânea, hábitos cotidianos, por vezes entramos em ritmos de produção e mecanismos de um sistema que acaba bitolando, diminuindo as possibilidades do corpo. Nosso corpo sente a carga…pesa…fica indisposto ou cansado e muitas vezes encontramos muitas justificativas que nos impedem de ir fazer uma aula ou terapia com a dança.
Cobranças, julgamentos, vergonha, medo, culpa por sentir prazer ou de se priorizar… Todos esses sentimentos, nos afastam de uma linguagem corporal que dependendo da sua condução e forma de se relacionar pode ser LIBERTADORA.
A dança é uma linguagem rica por nos fazer uma conexão direta com sentimentos, emoções e sensações de amor-próprio, alegria, confiança, coragem, liberdade, alívio, compaixão, determinação, clareza, elevando nossa autoestima trazendo maior segurança para nossas escolhas do dia a dia.
Corpo é energia
Nosso corpo é energia. Existe um campo eletromagnético que movemos enquanto dançamos, liberando cargas negativas causadas por diversos incômodos e situações de conflito que criam desarmonia. Isso acontece em vários aspectos de nossa vida, em relações, trabalho, família que acabam revelando em nosso corpo físico. Carregamos tensões musculares ou até desenvolvimentos de doenças que comprometem mais nosso sistema biológico.
Nosso corpo é templo sagrado, ou seja, ao vivenciarmos uma abordagem espiritual da dança, oferecemos uma expressão da nossa alma, nosso contato com nossos corpos sutis que criam pontes da nossa centelha divina interna com a Fonte de Amor Universal, Deus, Fonte Criadora, como fizer sentido para você chamar.
Iris J. Stewart em seu livro: A Dança do Sagrado Feminino partilha em um trecho sobre esse estado da dança. “O mundo interno e externo se fundem, e a dançarina se desloca além do cuidado consciente com a fisicalidade e perfeição da forma. A dançarina sabe que valeu a pena o esforço de ser capaz de ouvir a música através do seu corpo, de ser governada pelo ritmo, de expressar aquilo que é inexprimível. Quando chegamos a esse ponto, estamos nos conectando com a música, o místico e o etéreo, submetendo-nos a um poder que nos usa como instrumento predisposto. Nós somos dançadas.”
A Dança como ferramenta de autoconhecimento
Após tantos anos investigando a dança como potência criadora em performances, espetáculos e palcos, também fez parte da minha trajetória vivenciar jornadas, vivências, experiências e pesquisas terapêuticas através do movimento. Fiz durante alguns anos formação em Movimento Autêntico em São Paulo e viagens para diversos países e culturas que pude presenciar templos e rituais com a música e com a dança. Também tive processos de novas dimensões de consciência em imersões na natureza, medicinas da floresta, trilhas e acampamento selvagem que me levaram a compreender a profunda conexão da expressão do corpo com forças divinas.
E cada vez me interessa mais a pesquisa sobre como a dança promove qualidades de vida em nosso sistema físico/biológico, como:
- A liberação de serotonina, endorfina e dopamina, responsáveis pela sensação de prazer e felicidade, ativação do sistema cardiovascular,
- Aumento da flexibilidade,
- Melhora postura, concentração e memória, entre outros inúmeros benefícios.
A dança é também responsável por criar momentos sociais que são fundamentais para sair da depressão e isolamento que por vezes podemos cair por nossos desequilíbrios emocionais. A interação em espaços de dança mobiliza aspectos afetivos e cognitivos que contribuem para a entrega e abertura de conhecer novas pessoas e descobrir novas camadas até mesmo de quem já conhecemos em outras formas de sociabilização.
Pois bem. E se eu te contar que se você dançar que seja 1h ou 2h por semana, já modifica muito sua saúde! SIM!
Você não precisa ser uma bailarina(o) profissional, apenas seguir um ritmo e adicionar na sua rotina essa prática. Um momento único só seu, para se sentir INTEIRA, EXPRESSAR sua autenticidade, revelar para você camadas que somente seu corpo dançando pode trazer…Não deixe para depois o que você pode DANÇAR hoje!
Bailarina, pesquisadora da dança, coreógrafa da Cia Essência Dança, professora de dança contemporânea e contato improvisação, terapeuta corporal com práticas individuais e coletivas de Natural Dance, Rezadora em círculos, vivências e retiros de autoconhecimento através da expressão corporal