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Gerenciamento de Resíduos em Comunidades Ribeirinhas da Amazônia

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Considerações preliminares sobre minha viagem para ministrar conhecimento acerca de resíduos em comunidades ribeirinhas da Amazônia

Por Jane Vilella

Recentemente recebi um convite para ministrar oficinas de gestão de resíduos em algumas comunidades ribeirinhas no estado do Amazonas. Antes de chegar até eles, dessas pessoas que vivem ao longo do Rio Amazonas, aqueles que vivem à  minha volta começaram a opinar sobre como eu deveria me comportar, dizer, levar, trazer… coisas e opiniões…até mesmo para eu tomar cuidado pra não me apaixonar por um indígena…

Com esse “combinado” e com meu parco conhecimento das regionalidades existentes no nosso país de dimensões continentais, criei as minhas verdades e as coloquei na mala, que já estava cheia de roupas e calçados inadequados para as cheias do Rio. Isso também foi outra coisa que nem me dei ao luxo de pesquisar antes de sair do frio catarinense.

Preciso dizer em meu favor, que sou destemida quando se trata de ter melhores resultados na questão dos resíduos sólidos (o velho “lixo”), e não me acovardo frente ao desconhecido quando sei que posso ser útil na melhoria da educação ambiental. Mas isso não me salvou de ter preconceitos com uma parte das pessoas que compõem a nossa tão decantada “brasilidade”. Assim, fui surpreendida de minuto a minuto, imediatamente ao sair do aeroporto em Manaus.

Por força das circunstâncias e do pouco tempo para o convívio, agi como uma metralhadora de perguntas, mirada para todos aqueles que eu pude conquistar a atenção, fora do contrato de trabalho que eu deveria cumprir. O resultado foi que em tempo hábil pude perceber que trazia vários equívocos de projeção do nosso “outro”, externo àquele. Pude, então, refazer a trajetória mental para aprender, e muito, com pessoas que eu construí um respeito inenarrável.

Hoje, posso seguramente dizer que, ao contrário do que ouço aqui no Sul, não há dois “Brasis”, mas sim, pelo que vi, ouvi e senti, um país multiverso, cheio de riquezas impagáveis, com culturas absolutamente desconhecidas, e o desconhecimento delas: do Norte sobre o Sul, do sul sobre o Norte…

O conceito de “conhecimento”, pra mim, está agora um pouco deslocado, já que aprendi  e ensinei tanto. Portanto, a felicidade de ter vivido essa experiência ocupa agora um espaço enorme no meu peito, juntamente com o  prazer no paladar ao saborear tantos pratos típicos e peixes do mesmo rio que nos servia de “estrada” . 

Poderei dizer muito ainda, de uma viagem que aparentemente durou apenas 15 dias, mas que impactou toda a minha vida e aquilo que considero indispensável no aprendizado socioambiental. Por enquanto, vou assimilando, maravilhada.

A Equipe está organizando uma mostra das fotos, seguido de um debate sobre a diversidade de práticas na gestão de resíduos. Vamos compartilhar, assim que tudo estiver organizado vamos divulgar.

Por Jane Vilella
Jane Recicla

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