Este é o momento para reflexão e discussão de medidas efetivas e urgentes para o saneamento básico da cidade!
O esgoto doméstico é aquele que vem das residências e dos estabelecimentos comerciais. São locais que têm banheiros, cozinhas e lavanderias. E o esgoto é composto essencialmente de águas sujas: urinas e fezes, água de banho, água com detergente, sabão e água de lavagem, com diversos produtos químicos, como o cloro, presente em materiais de limpeza.
É hora de Garopaba pensar seriamente sobre seu saneamento básico
O tratamento do esgoto sanitário aqui na região é um assunto que está sendo pauta de toda população. Isto, principalmente em virtude do movimento de Revisão do Plano Diretora da Cidade. As oficinas participativas da Unisul, que realiza o processo de revisão do Plano e também as organizações da sociedade civil, como Associações de Bairro e Grupos Comunitários.
Sem um sistema de saneamento eficiente de esgotamento sanitário adequado, a população e meio ambiente sofrem. Pois esta é a maior fonte de doenças e desequilíbrios ambientais
O descarte inadequado do esgoto oferece diversos impactos negativos para a saúde das pessoas e da natureza, além de atingir negativamente o turismo, banhistas, pescadores e o comércio. Não é só o meio ambiente, mas a cultura, a economia e, principalmente as pessoas. O tratamento do esgoto deve ser prioridade na cidade, e a responsabilidade está em todos nós, órgãos públicos e a sociedade.
Como participar da Solução do problema do esgoto em Garopaba
Garopaba neste momento está construindo Plano Diretor da cidade de forma participativa, onde as pessoas de cada bairros estão tendo voz para apontar problemas e soluções na área do saneamento básico. É um momento de elaborar um plano de saneamento básico que seja eficiente, ecológico e econômico.
Quais as soluções possíveis?
A preservação e regeneração do meio ambiente é uma das melhores formas de iniciar um sistema de tratamento das águas. Precisamos pensar COMO e ONDE serão colocados os efluentes e como será feito este tratamento.
O cenário ideal é que cada pessoa faça a despoluição do esgotamento sanitário no seu próprio terreno. Isto é possível através diferentes sistemas de tratamento individuais e coletivos, inclusive que atendem às normas vigentes de legislação.
Esses sistemas podem atender qualquer segmento, residencial, comercial e industrial. Existem diversos tamanhos que vão de acordo com as necessidades de cada projeto.
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental de São Paulo (ABES-SP) publicou o Livro “Tratamento de Esgotos Domésticos em Comunidades Isoladas: referencial para escolha de soluções”. Material que traz diversas propostas para diferentes necessidades. A publicação é gratuita e está disponível para download AQUI.
Conheça algumas soluções de Tratamento de Esgoto Individuais
A exemplo, seguem aqui três que cabem perfeitamente na realidade de Garopaba e região:
- ETE – Estação de Tratamento de Esgoto Individual
Esta é uma solução para qualquer tipo de região, especialmente áreas alagadas, como o entorno de lagoas, banhados, proximidades ao mar. E também para aquelas pessoas que captam água de poços artesianos e piteiras, pois é totalmente vedada e devolve uma água em excelente condição de reuso (não para ingestão humana).
A ETE individual vem pronta e é fácil de instalar. Conta com uma eficiência de 98% no tratamento, através de uma tecnologia biológica que decompõem todos os patógenos presentes na água de forma ecológica. Ela tem uma manutenção baixíssima – diferentemente das fossas tradicionais que, além de não serem eficientes, geram logo e causam custos de manutenção com “Caminhão Fossa”.
Com esse sistema, é possível tratar todas as águas da casa, entregando para a natureza água de classe 2 (águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento convencional). Essa água pode ser descartada no solo, por valas de infiltração, ou até mesmo conectar na rede pluvial, atendendo à norma CONAMA 430. A Unidade é aprovada pelas normas NBR12209 – que regulamenta a atividade.
- Biodigestores
É uma unidade de tratamento para águas de vaso sanitário, esgoto doméstico, esterco fresco, restos de alimentos ou ainda a combinação de todos esses dejetos. O biodigestor é formado por uma câmara fechada onde acontece a digestão anaeróbia da matéria orgânica (na ausência de oxigênio) e por um gasômetro que armazena o biogás produzido.
Dependendo da carga biológica, ou seja, da quantidade de fezes, o biogás pode ser aproveitado como gás de cozinha, utilizando-se uma tubulação instalada na parte superior do gasômetro.
Existem diversos modelos de biodigestores. O modelo denominado “chinês” (foto), muito utilizado no Brasil, pode ser construído em alvenaria de tijolos, incluindo o gasômetro em forma de domo (parte superior em forma côncava). Este sistema requer uma manutenção periódica para a retirada do lodo.
- Círculo de bananeiras
Este sistema é adequado apenas para o tratamento de águas cinzas (que não apresentam patógeno de fezes e urina). Elas são compostas por água do chuveiro, máquina de lavar, pias, lavagem de utensílios, etc.
Este tipo de unidade consiste em uma vala circular preenchida com galhos e palhada, onde desemboca a tubulação. Ao redor são plantadas bananeiras e/ou outras plantas que apreciem o solo úmido e rico em nutrientes – geralmente folhas largas, como a Taioba, abundante na região.
É importante que este tipo de sistema, assim como todos os outros, sejam dimensionados a partir das necessidades e do tipo de solo no loca. Por isso é importante a pesquisa e a informação com um profissional especializado.
Quer saber mais?
É preciso cuidar da qualidade das nossas águas. Por isso, independentemente de onde você more, é importante ficar de olho na questão do esgoto e cumprir o seu papel na preservação do meio ambiente. Busque o apoio público e dos profissionais na área para ajudar a implementar o melhor sistema de tratamento de esgoto.
Lembre-se de que você pode contribuir ativamente para a melhoria dos sistemas de saneamento básico. Pequenas ações contribuem para gerar impactos positivos no meio ambiente. Faça a sua parte!
Por Marco Aurélio Silvestre
Arquiteto e Bioconstrutor especializado em sistemas ecológicos de tratamento de esgoto
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