Embora a compulsão por compras não seja considerada uma condição de saúde mental oficial, ela é o resultado de um incômodo emocional ou, ainda, o sintoma de uma condição não diagnosticada. Psicólogos explicam que quebrar o hábito de comprar de maneira exagerada é um processo muitas
vezes longo e recheado de emoções.
Onimania
A oniomania é classificada como um transtorno do controle do impulso, que, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), tem como característica essencial a falha em resistir a um impulso, instinto, ou desejo de realizar um ato que é prejudicial ao indivíduo ou outras pessoas.
É essa definição que separa o consumismo da compulsão. Esta última gera um sofrimento, o indivíduo tenta evitar o consumo e não consegue, e pensa com frequência nele. Isso o deixa angustiado, triste, com raiva. “É uma dependência emocional do ato de comprar, da gratificação que se tem com a
aquisição de um objeto. O que caracteriza o vício é a perda de controle, o exagero”, diz Hermano Tavares, professor associado do Departamento de Psiquiatria da USP e coordenador do Pro-Amiti (Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Impulso).
Quais são os sintomas de quem sofre de Onimania?
Tavares diz que, quando esse indivíduo se sente angustiado, infeliz, tem uma recaída e acha que se comprar de novo conseguirá um reequilíbrio emocional. “Mas isso é passageiro e há uma nova tentativa de frustração.
Controle, falha, recaída. A característica da dependência é isso, ele percebe esse ciclo, acumula prejuízos e mesmo reconhecendo eles não conseguem cessar o comportamento.”
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Outro padrão frequente em quem sofre de oniomania são as mentiras sobre as compras e o quanto gastou. Geralmente, quem tem esse quadro gosta de comprar sozinho, não compartilha o momento, por vergonha. “Mesmo que o dinheiro seja meu, quando alguém vem me perguntar quanto eu paguei,
falo que foi bem menos do que o valor real”, diz Jéssica.
Como evitar cair na tentação?
Se você está fazendo dieta (quem não está?), certamente já ouviu esse mandamento universal do controle de calorias: “Não vá às compras se estiver com fome!”.
É claro. É muito mais difícil segurar a gula estando faminto e cercado de delícias por todos os lados. A chance de acabar comprando mais porcarias – no lugar de verduras e legumes – é enorme. Não há regime que resista à falta de planejamento do cardápio e a um carrinho de supermercado lotado de
guloseimas.
Ter critério ao escolher os produtos que levamos para casa evita ter à disposição coisas que você não pode (ou pelo menos, não deveria) comer. Mas deixamos o racional de lado, quando encaramos a tarefa com o estômago vazio. Isso porque, segundo estudo da Universidade de Cornell (Estados Unidos), pular refeições pode sabotar seu autocontrole ao guiar o carrinho de compras.
O que as pesquisas dizem?
A pesquisa, publicada na revista científica JAMA Internal Medicine, calculou que, com fome, aumentamos a aquisição de itens mais calóricos em 44,8%. Encarar a fila do supermercado no fim do dia significa 26,7% menos itens light que logo depois do almoço, quando estamos mais saciadas.
A conclusão é a de que, quanto mais comida temos à vista, mais comeremos. A lógica é simples: se procuramos alguma coisa para comer e encontramos 36 outras, ficamos confusas. E, em dúvida, é certo que avançaremos o sinal. Mas é claro que ninguém faz de propósito.
Ficamos sem comer por vários motivos. Entre eles, a simples falta de tempo. Portanto, programe-se para fazer compras após o almoço, ou depois do jantar nos finais de semana – o que for mais conveniente. Se a oportunidade surgir de repente, uma fruta, barrinha ou petiscos light à mão ou no porta-luvas sempre vão bem.
Costumamos achar que comprar algo novo é uma pequena fonte de felicidade. Na verdade, a ciência indica que só a ideia de possuir algo novo já é suficiente para nos deixar mais felizes. Há estudos demonstrando que sentimentos positivos, como alegria e otimismo, são despertados enquanto as pessoas antecipam uma compra, mas eles se dissipam rapidamente depois que é feita.
Everton da Silva
nutricionista na clínica VerseIn (Brasilia – DF)
Terra Rainha Alimentos Funcionais (@terrarainhafuncionais)