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Cultura e Natureza em Ibiraquera: poesia e conflitos em uma comunidade tradicional

Roda de Conversa com Rosa na Justina (2)
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Rodas de Conversa na Escola E.B. Justina Conceição Silva foram de troca com os alunos à respito da comunidade em que vivem

Por Rosa Nadir Teixeira Jerônimo
Psicóloga e Escritora


“Meu primeiro livro, resultado de minha pesquisa de mestrado em Psicologia Ambiental e como um prêmio por ter participado de um concurso nacional de teses e dissertações. Foi em Ibiraquera onde tudo começou, e foi lá que decidi comemorar os 10 anos dessa publicação.

Encontrei na Escola Justina o ambiente aberto para conversar com os alunos do 6º, 7º, 8º e 9º ano do ensino fundamental. A equipe de escola abriu as portas das salas de aula para este bate-papo com alunos que me receberam com curiosidade e muita disposição para ouvir e para trocar.

Os olhinhos desses jovens brilhavam, sua atenção se voltava para um conhecimento, por vezes, distante de sua atual realidade. Queria saber, mais também contribuir. Poucos são os alunos nativos de
Ibiraquera que estão nas salas de aula dessa escola. Estes compartilham os bancos da escola e de moradias com novos colegas que vem de outras cidades, outros estados e, até de outros países. Essas fronteiras incitam ainda mais a curiosidade.

Embora nativos ou como novos moradores, esses jovens não sabiam de onde e o que significa a palavra Ibiraquera, a maioria não conhece o gravatá, o araçá, e a imbira está longe de seu olhar. Até o carro de
boi é desconhecido por alguns desses jovens. Isso me leva a questionar o lugar da cultura tradicional e do ambiente natural para esses jovens. A sustentabilidade e a preservação dos espaços culturais e naturais dependem muito do que conhecemos.

Essas rodas nos levaram, a mim, os professores presentes e os alunos, por muitos caminhos: os das memórias e os atuais.

Como conciliar novo e antigo, tradição e inovação?

Ao final de cada roda fizemos o sorteio de um livro o que deixou esses jovens ainda mais incentivados. Em uma sala um aluno que não ganhou o livro pediu-me para tirar uma foto com ele, na outra sala, uma aluna que não foi sorteada, venceu sua timidez, pedindo-me um livro. A riqueza dessas rodas me faz acreditar que os livros, o conhecimento, a sabedoria que se encontra quando se faz pesquisa
oral, não pode ficar encaixotada em editoras, devem chegar às mãos de pessoas jovens, adultas e idosas que tem sede de conhecer mais profundamente seu lugar nativo, de novo lar para os que chegam.

A escola é um dos melhores espaços para essas rodas onde todos aprendem mais uns com os outros. Saí de cada dessas rodas com mais saber do que como entrei. Gratidão à toda equipe e alunos da Escola Justina da Conceição Silva por estes oportunos momentos de compartilhar vida.”