Nada melhor do que trazer alguns dados importantes para clarear nossa visão sobre o assunto:
->Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número estimado de fumantes no mundo é de 1,6 bilhões;
-> São descartadas diariamente, de acordo com informações da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) cerca de 12,3 bilhões de bitucas;
->De acordo com relatório da NBC News, a bituca de cigarro já polui mais o oceano do que as sacolas e canudos de plástico
->o tempo de decomposição de uma bituca de cigarro descartada incorretamente pode chegar a até 5 anos, principalmente se for jogada no asfalto
->Isso sem mencionar o fato de que ela contém mais de 4,7 mil substâncias tóxicas, o que prejudica o solo e contamina rios e córregos
E a reciclagem de bitucas, é possível?
As #bitucas são mais um tipo de resíduo que, consideradas rejeito, acabam sendo destinadas aos aterros sanitários. Sua relativa demora na decomposição, se deve ao fato de que 95% dos filtros de cigarros são compostos de acetato de celulose, material de difícil degradação. E é essa mesma composição celulósica que instigou a possibilidade de reciclagem para o desenvolvimento de um papel reciclado a partir das bitucas, através de um estudo realizado pela UnB e patenteado pela empesa Poiato Recicla.
Desde 2014, a empresa recicla bitucas de cigarro para a produção de celulose e a partir desta, papel artesanal. Estima-se que, com 45 bitucas de cigarro, é possível fazer uma folha de papel. De acordo com os dados da empresa, já foram mais de 7 milhões de bitucas coletadas, cerca de 750 mil filtros por mês.
Para que a reciclagem de bitucas ocorra, é necessário que haja um sistema de coleta adequado, para que se faça o descarte no local adequado, como as bituqueiras que o Jogue Limpo, nossa parceira que atua na Praia do Rosa, disponibiliza em diversas ruas e no decorrer da beira.
Após a coleta e destinação corretas, existem diferentes processos de retirada de elementos químicos das bitucas para transformá-las em matéria-prima para indústrias siderúrgica, cimenteira, de plástico, de papel, de adubo e até de fibras naturais.
Uma pesquisa realizada na Unicamp, concluiu que alguns métodos podem ser eficazes para a reciclagem de bitucas. A aplicação das bitucas como de inibidor de corrosão para o aço na indústria siderúrgica, por exemplo, possui uma eficiência de 94,6% na inibição da corrosão do aço, quando tratada em uma solução com concentração de 10% de ácido clorídrico, sendo necessária, diariamente, a quantidade de cerca de 3800 bitucas.
Bitucas transformadas em plástico
A bituca também pode ser transformada em plástico depois de tratada inicialmente com raios gama, para que sejam removidos seus componentes tóxicos.
Após esse processo, as cinzas são esterilizadas e dissecadas, misturando o papel e o tabaco, enquanto o acetato de celulose, material plástico usado no filtro, é fundido e reciclado. Esse método já recuperou mais de um milhão de cigarros em pouco tempo na Europa e Estados Unidos. Além disso, é um dos programas que mais se expande no mundo todo.
Bitucas transformadas em Prancha de Surf
Já existem mais de um projeto que, inspirados pela iniciativa de uma empresa que já confecciona as pranchas na Califórnia, utilizam as bitucas de base na confecção de pranchas de surf. Um deles é inclusive aqui em nosso litoral catarinense, o Bituca Zero, em Itapirubá.
Além de tudo, a bituca é um problema socioambiental
Além de causar a poluição de solos, mares e córregos, a indústria do tabaco traz consigo problemas socioambientais, pois o cultivo de tabaco também promove o desmatamento, já que para secar as folhas de tabaco é necessário utilizar fornos a lenha. E, claro, há a dependência química que o cigarro provoca e o gasto público com saúde devido ao vício e doenças relacionadas ao tabagismo.
Um estudo financiado pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT) mostrou que o custo do fumo para o sistema de saúde brasileiro é de R$ 21 bilhões ao ano, ao passo que toda a arrecadação tributária com essa indústria fica em torno de R$ 6 bilhões. Segundo a ACT, as nações vêm discutindo a inclusão dos impostos sobre tabaco na agenda, como um poderoso mecanismo a ser utilizado pelos governos para ajudar a alcançar e financiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Então meus amigues, é preciso trabalhar muito a consciência e tomar a responsabilidade para si na hora do consumo e do descarte de suas bitucas, pois se há o hábito e não se pretende deixá-lo, ao menos devemos nos preocupar com as futuras gerações (e também com a nossa, já que habitaremos por um bom tempo ainda este planeta) e os demais seres que aqui vivem.
Fontes:
Bituca de cigarro: uma grande vilã ambiental – eCycle
Bituca Zero – Projeto nasce em Itapirubá | Waves
Por Paloma Paz
Lixo Zero Praia do Rosa
Revisão Thainá Bernardoni
Projeto Why Not?