O gás metano (CH?) é um dos poluentes que causam o efeito estufa no planeta. Atualmente, o Brasil já é o quinto maior emissor de metano do mundo, responsável por 5,5% das emissões globais. O metano esquenta a Terra cerca de 28 vezes mais do que uma molécula de dióxido de carbono (CO2), outro grande causador do aquecimento global.
Nesta semana, o Observatório do Clima divulgou estudo que revela que o país pode mudar significativamente este quadro, com potencial de reduzir em até 36% as emissões de metano até 2030, superando a meta de 30% com a qual se comprometeu na Conferência do Clima da ONU de 2012. Essa é a notícia boa.
A parte triste é que – se não houver uma mudança prática nas políticas de agricultura, geração de energia e combate ao desmatamento – o Brasil corre risco de aumentar em 7% as emissões de metano na próxima década. Hoje, 72% do metano emitido em nosso território vem da agropecuária, principalmente de atividades relacionadas à criação de gado bovino para corte (produção de carne).
Já o setor de resíduos é o segundo maior poluente por CH? no país, responsável por 16% das emissões, que vem majoritariamente do manejo inadequado de lixo, e do esgoto doméstico e industrial. Logo atrás vem as queimadas associadas ao desmatamento, especialmente na região amazônica – as queimas de matas e florestas para abrir pastos de gado e lavouras geram 9% das emissões nacionais. Em 2022, a área de floresta desmatada da Amazônia Legal foi a maior dos últimos 15 anos, aponta o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Apesar de bastante perigoso, devido ao seu grande poder de aquecimento, o metano fica menos tempo na atmosfera do que o gás carbônico. Na atmosfera, o primeiro dura cerca de 15 anos, enquanto o segundo pode permanecer por até 100 anos. Justamente por essa volatilidade, é que as estratégias de redução nas emissões de metano podem trazer melhoras significativas a curto prazo, possibilitando que a humanidade ganhe tempo para se organizar e praticar estratégias que revertam o efeito estufa.
Segundo o relatório do OC, o Brasil precisa com urgência rever políticas relacionadas à agricultura, desmatamento e manejo de resíduos. O que ainda é totalmente possível se houver comprometimento por parte dos governos, do agronegócio e das indústrias. Pesquisadores afirmam, inclusive, que práticas sustentáveis e regenerativas podem trazer benefícios econômicos ao país.
Dentre as medidas propostas pelos pesquisadores para reduzir as emissões de CH4 estão:
Setor de Agropecuária
- Ampliação de ações voltadas ao melhoramento da dieta animal;
- Melhoria no tratamento de dejetos animais;
- Fomento à utilização de melhoramento genético animal;
- Aumento do número de abates de animais com terminação intensiva (engorda do animal em menor tempo de vida);
- Utilização do manejo da irrigação nas plantações de arroz, em substituição ao chamado arroz irrigado, em que as plantas ficam submersas;
- Eliminação da queima da palha em plantações de cana, como já acontece no estado de São Paulo.
Setor Resíduos
- Erradicação de lixões;
- Eliminação gradual da deposição em aterros sanitários, com melhoria nos sistemas de reciclagem
- Melhor aproveitamento do biogás gerado nos aterros
Setor de Mudança de Uso da Terra e Florestas
- Zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade
- Zerar incêndios provocados pelo homem em áreas naturais
Setor de Energia e Processos Industriais
- Substituição de fogões a lenha tradicionais por outros mais eficientes ou por GLP;
- Redução das emissões fugitivas de metano na exploração de petróleo e gás
- Redução da exploração de carvão mineral
O estudo está disponível na íntegra AQUI.
Outras fontes consultadas para essa publicação:
O Eco – Brasil deve aumentar emissões de metano em 7% até 2030, mas tem potencial para reduzir 36%
G1 – Brasil tem potencial para reduzir em 36% emissão de metano até 2030 e não 30%, aponta Observatório do Clima
Foto: Pixabay via Pexels