“Viajar, um dos maiores prazeres do ser humano. Aquela vontade...
Read MoreNotícias desastrosas sobre o clima são pautas frequentes em todos os veículos de comunicação. Uma das imagens mais impactantes dos últimos tempos foi a que mostrou as Cataratas do Iguaçu secas e totalmente irreconhecíveis.
Em consequência disso, outro problema vem ganhando atenção e repercussão: a crise energética. É meio óbvio dizer que a redução no volume de chuvas impacta diretamente no nível dos rios e, por consequência, na produção energética do país. Mas o buraco é bem mais embaixo e vamos mostrar porque a culpa não é só dos fenômenos climáticos.
É no Cerrado brasileiro que encontram-se inúmeras nascentes de rios, incluindo oito das doze principais bacias hidrográficas do país, entre elas a do São Francisco, do Tocantins Araguaia e do Paraná que, inclusive, teve a menor vazão já registrada na história. Para entender a gravidade da situação, basta analisar alguns números referentes ao bioma que foram divulgados pelo MapBiomas.
1985 2019 – o cerrado perdeu 33% de extensão na microbacia do Alto Paranaíba 3.
Na bacia do Paraná, foram perdidos 4,2 milhões de hectares de mata nativa, área igual a 127 vezes o município de BH.
Assustador, né?! Ainda mais se pensarmos que a vegetação nativa tem papel fundamental na conservação da umidade do solo, principalmente no Cerrado, onde as raízes são mais profundas e entrelaçadas. Esse emaranhado natural de raízes tem papel fundamental no equilíbrio do sistema: é ele que retém a umidade que as plantas precisam, é ele que encharca os depósitos subterrâneos como aquíferos e lençóis freáticos e, por fim, é ele que alimenta rios e nascentes e garante que eles continuem fluindo mesmo em época de seca.
80% das águas do Cerrado tem origem subterrânea. Isso explica o colapso que o sistema hídrico e elétrico vem sofrendo. Infelizmente, enquanto a vegetação nativa continuar sendo substituída por lavoura – que não possui essas raízes profundas e ramificadas – o cenário será o mesmo.
Por isso o risco de apagão é iminente e dados divulgados pela ANA – Agência Nacional de Água, tornam a situação ainda mais preocupante: 49,8% da demanda de água é para a irrigação de lavouras. O que é ruim fica pior: até 2040, a área irrigada no país deve crescer 76%. Ou seja, o problema é dobrado já que o mesmo agronegócio que desmata para criação de animais ou plantações em larga escala, também será responsável por ¾ da demanda por água no país!
Infelizmente não existe uma solução única que nos permita virar esse jogo, mas existe sim, um conjunto de práticas e ações – urgentes – que podem trazer um pouco de esperança em um futuro abundante em vida e natureza. Alternativas como produção em menor escala, redução no consumo de carne, utilização de técnicas de proteção do solo, mais atenção do estado a áreas sensíveis e de nascente, mais controle e limitação sobre área de irrigação e limites do uso da água são urgentes. Não temos mais tempo!
Por: Nabile Oriqueis
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